quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

PicooZ

room

Quando ouvi falar do Picoo-Z pela primeira vez, os relatos eram difíceis de acreditar. Helicópteros são instáveis por si só. Quanto menores são, mais instáveis, e notícias de um micro-helicóptero de dois canais estável e fácil de pilotar soava fisicamente impossível, mesmo sendo fabricado pela Silverlit (www.silverlit.com), que também produz os X-Twin que eu já tinha testado anteriormente.

Esta impressão acabou quando o testei pessoalmente, no Ginásio do Ibirapuera em São Paulo. Foi aí que percebi o quão genial seu projetista foi.

O grande truque do Picoo-Z é sua "bailarina". O fly-bar tem pequenos pesos e tem um ângulo de cerca de 15 graus em relação às pás do rotor principal, sendo ligado a ele por pequenas varetas de comando. Seu projetista demonstrou profundo conhecimento de física e aeronáutica, pois da forma como foi construído o efeito giroscópico do fly-bar faz com que qualquer movimento repentino seja automaticamente compensado quando o fly-bar modifica o ângulo das pás principais para gerar uma força na direção contrária.

Da mesma forma, qualquer vento lateral no fly-bar força a uma alteração no controle cíclico das pás, fazendo-o ficar parado em relação ao ar.

Outra excelente escolha foi a pequena bateria de Polímero de Lítio (LiPo), com capacidade, peso e taxa de descarga bem dimensionadas para os apenas 10g de peso em ordem de vôo. O correto dimensionamento também ajudou a ganhar o título de menor helicóptero rádiocontrolado do mundo, pelo Livro Guinness, em 2006.

Inicialmente eu ainda estava preocupado com relação ao funcionamento desta mecânica de auto-estabilização, portanto comecei os testes com o PicooZ bem na horizontal, situação que o deixa estável.

Na caixa vem um conjunto de pequenos pesos para ajustar o Centro de Gravidade. Adiantando ligeiramente o CG ele tende a se movimentar para a frente lentamente, e desta forma com o controle de potência e direção consegui manobrá-lo dentro da sala de estar, voar entre as cadeiras e pousar sobre a mesa, algo realmente difícil com qualquer outro helicóptero, principalmente para quem nunca tinha pilotado um helicóptero antes.

Em caso de qualquer problema, como perda de controle ou de ficar perigosamente perto de móveis, paredes, etc., é fácil evitar danos, desligando totalmente o motor e deixando-o cair.

Graças a seu baixo peso, mesmo caindo de mais de 3 metros de altura ele não sofre danos e poderá continuar voando logo em seguida.

Claro que as pás não devem acertar nenhum objeto enquanto estiverem girando rápido, principalmente com o motor acelerado. Isto causa esforço excessivo tanto nas pás quanto no conjunto mecânico, podendo levar a quebras.

Depois de alguns vôos eu já estava confiante o bastante com as reações e passei a fazer testes mais abusivos, iniciando o vôo em ângulos maiores. Foi assim que entendi melhor como funciona sua bailarina. Soltando-o a cerca de 1,5m de altura inclinado a 45 graus em relação ao horizonte, ele percorre menos de 3 metros até estabilizar na horizontal. Um helicóptero "normal" continuaria até acertar alguma coisa e quebrar nesta situação.

Também tirei as fotos em vôo eu mesmo, enquanto pilotava com uma mão. Possivelmente é o único helicóptero do mundo que permite isto sem eletrônica sofisticada para evitar a perda de controle.

De volta aos detalhes técnicos, o controle é feito por infravermelho, como a maioria das TVs e DVDs. O receptor de infravermelho é posicionado sob a fuselagem, mas funciona bem mesmo em ângulos de incidência desfavoráveis, como ao controlá-lo por cima.

Como bom curioso, dei uma olhada dentro do transmissor e do helicóptero para verificar como funcionam, and vi várias boas idéias de seu projetista:

  • A espuma que compõe a fuselagem permite a passagem de infravermelho, não se tornando um obstáculo para seu controle;

  • O transmissor tem 3 LEDs infravermelho de alta potência, para um melhor alcance;

  • A codificação dos comandos é digital com verificação de erro, uma espécie de PCM simples, permitindo que atuem mesmo quando há falhas na transmissão;

  • Os fios para o motor do rotor de cauda são finíssimos, esmaltados, economizando peso;

  • As partes da fuselagem são mantidas juntas por uma cola fraca, evitando peso mas ainda permitindo que a unidade seja aberta.


Apesar de ser um produto "pronto para voar", ele permite ajustes e customizações que podem melhorar o vôo, se o piloto já tem experiência com aeromodelismo e/ou com trabalhos manuais em objetos pequenos. As mais comuns são:

  • Balancear as pás, diminuinco a vibração. Isto melhora o rendimento do motor, ao permitir converta mais eletricidade em empuxo, e não em chacoalhar;

  • Abrir a fuselagem e deslocar a bateria ligeiramente para a frente. Isto permite acertar o CG sem a necessidade de lastro, economizando peso;

  • Aumentar ligeiramente a janela do receptor infravermelho, melhorando o alcance;

  • Ajustar o passo das pás, torcendo-as levemente. Melhorando a proporção de passo entre o rotor principal e o rotor de cauda consegue-se manter melhor a direção sem retrimar ao subir ou descer;

  • Trocar os FETs por outros de resistência interna menor (para quem conhece eletrônica e solda). Isto permite obter mais rendimento do motor, conseguindo assim mais potência disponível quando a bateria começa a deixar diminuir a tensão;

  • Trocar o eixo do rotor principal por um de fibra de carbono, economizando peso;

  • Adicionar um mancal extra ao eixo do rotor principal, fazendo com que as vibrações diminuam ainda mais.


Se original já voava bem, com as modificações o vôo ficou ainda melhor, sustentando-se por períodos maiores e com mais estabilidade. O peso diminuiu cerca de 1g, ficando com 9g em ordem de vôo.

www.e-voo.com

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