quinta-feira, 29 de julho de 2010

Marqueteiros divergem sobre imagem de Massa após armação com Alonso



Felipe Massa teve a imagem arranhada após se deixar ultrapassar por Fernando Alonso no GP da Alemanha, no último fim de semana? A questão é tão polêmica que nem mesmo profissionais de marketing entram em um consenso. Procurados pelo UOL Esporte, especialistas no assunto divergiram sobre o impacto que a armação da Ferrari pode ter para a carreira do brasileiro.

“O mercado como um todo, e envolvo o patrocinador e o consumidor nisso, já vêm ressabiados com esse tipo de atitude. Seguramente, a imagem de qualquer um que faça esse tipo de coisa fica arranhada. Não dá mais para você acordar cedo e ver aquilo. Foi um balde de água fria”, disse Rafael Plastina, sócio da Informídia Pesquisas Esportivas.

“Antes de mais nada, o Felipe trabalha para uma empresa e ela se chama Ferrari. Às vezes você tem de seguir ordens e não são exatamente aquelas que você gostaria. Se ele não cumprir o que a equipe mandou, ele pode ser demitido e aí vai deixar de ser ídolo”, disse Geraldo Rodrigues, ex-empresário de pilotos e presidente da agência de marketing esportivo Reunion.

Líder da prova, Felipe Massa recebeu uma ordem pelo rádio da equipe para dar passagem a Fernando Alondo, que vinha mais rápido e está na frente no campeonato. O brasileiro abriu caminho para o espanhol, e após a prova de Hockenhein chegou a dizer que a decisão foi sua.

O argumento dos defensores do piloto passa pelo vínculo com a escuderia, que já colocou Rubens Barrichello em situação semelhante quando este fazia dupla com Michael Schumacher. Felipe Massa renovou recentemente com a equipe, mas estaria sujeito a possíveis punições e até uma demissão caso ignorasse a ordem.

Outros dizem que o brasileiro, que foi vice-campeão mundial em 2008, chegou a um momento da carreira em que poderia tomar tal atitude. Caso perdesse o emprego, Massa encontraria espaço em outras escuderias e evitaria um rótulo negativo em sua imagem, que pode lhe ser imposto pelo público.

“Não é uma decisão simplista. É muito fácil falar para o piloto que ele teria de fazer isso. Não sei se outra equipe vai aceitá-lo sabendo que ele não recebe ordens”, disse José Carlos Brunoro, que minimiza os danos à imagem. “Sempre fica arranhada, mas não a ponto de perder a credibilidade”, concluiu o sócio da agência BSB, que teve passagens como gestor por Palmeiras e Santos, além de clubes de vôlei e até uma escuderia na Fórmula 1.

Curiosamente, uma possível vitória no último domingo marcaria uma reviravolta considerável em sua carreira. O GP alemão aconteceu exatamente um ano após o grave acidente na Hungria, que o tirou da reta final da temporada da Fórmula 1 em 2009. O triunfo redentor, no entanto, foi substituído pelo incidente com Alonso.

A troca de posições suscitou comparações com o caso de Rubens Barrichello com Schumacher. Para César Gualdani, especialista em marketing esportivo que trabalha com pesquisas de mercado, as posições dentro da Ferrari tornam os casos distintos.

“O Barrichello foi se diferenciando em termos de tratamento. O principal piloto seria o Schumacher e o segundo seria ele. O que aconteceu foi mais natural. Acredito que para o Massa é diferente, porque ele já estava na equipe. Mesmo ele não tendo sido campeão, existia um tratamento semelhante dentro da equipe”, disse Gualdani.

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