sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Dicas para novatos no aeromodelismo

O que é melhor: avião de asa alta ou de asa baixa?
Asa alta ou asa baixa? Motor 40 ou 60?
O dilema dos novatos no aeromodelismo
por Rogério Araújo

O iniciante no aeromodelismo se enrosca em dúvidas logo na compra do primeiro avião treinador. Qual o melhor tipo? De que tamanho? Asa alta ou asa baixa? Almost Ready to Fly (ARF, semi-pronto) ou kit para montar? Motor 40 ou motor 60? E por aí vai... Muitos novatos escolhem o modelo que lhes parece mais bonito e, nesses casos, acabam se dando mal. Vamos ajudá-lo a escolher seu primeiro avião.

Asa alta X Asa baixa

Há um mito de que só os aviões com asa alta (acima da fuselagem) são estáveis. Isso não é exato. O importante é que o modelo seja um TREINADOR, isto é, projetado para o vôo mais dócil. Há ótimos treinadores tanto de asa alta como de asa baixa.

Se ter asa alta fosse uma condição essencial para a estabilidade, nenhum jato de transporte moderno estaria voando. Imagine estar a bordo de um Boeing a 10 ou 11 quilômetros de altitude. O vôo é tão tranqüilo que o gelo no copo de uísque nem se mexe. Olhando para fora, mal se pode ver direito o solo. Não tanto por causa das nuvens, mas porque a asa atrapalha a visão.

Em 99% dos aviões de transporte modernos, a asa é colocada embaixo da fuselagem. Todos são estáveis. Outro exemplo: quem vai a um aeroclube para aprender a pilotar aviões de verdade tem grande probabilidade de voar num Uirapuru ou num Pipper Corisco, treinadores de asa baixa. Então, de onde vem essa estória de que os aeromodelos RC de treinamento devem ter obrigatoriamente asa alta? Devem?

Muitos instrutores acreditam que essa opção oferece maior segurança, mas há quem aconselhe os novatos a também pilotar modelos de asa baixa. Existem treinadores de asa alta tão estáveis que, para fazer uma curva, é necessário coordenação do tipo "pé e mão", numa referência aos comandos de um avião de verdade - ou seja, usar ao mesmo tempo o leme (comandado pelos pés do piloto num avião verdadeiro) e os ailerons (comandados pelas mãos).

A coordenação "pé e mão" por vezes é muito complicada para um novato.

Num avião de treinamento com asa baixa, a proximidade do plano de sustentação em relação ao CG faz com que ele seja mais dócil ao entrar em curvas. Isso evita que o aluno se acostume com excessos de comando no início do aprendizado. Em outras palavras, o aprendiz nota mais rapidamente que não é necessária grande deflexão do stick (alavanca de comando) do transmissor de rádio para que o modelo entre em curva. Outro mito a ser desfeito é o da velocidade.

Muita gente acredita que os aviões de asa alta só podem voar lentamente, enquanto os de asa baixa são rápidos. Alguns exemplos reais desmancham o engano: os jatos F-14, F-15 e Jaguar são todos supersônicos de asa alta (mais precisamente chamados de "shoulder wing", expressão que significa "asa nos ombros", como se o canopy fosse a "cabeça", a fuselagem fosse o "tronco" e a asa estivesse nos "ombros" do avião).

Ao contrário, o jato A-10 (norte-americano) e o turboélice Pucará (argentino), ambos de asa baixa, são aviões lentos de ataque ao solo. Por essas razões, ao ingressar no aeromodelismo, o novato deve consultar pilotos mais experientes para conhecer treinadores tanto de asa alta como de asa baixa e escolher aquele com o qual voe mais comodamente.

Há treinadores de asa baixa muito fáceis de pilotar. Não se pretende propor aqui que o novato se converta num fanático dos aviões de asa baixa. É preciso, porém, experimentar algo além dos tradicionais modelos de asa alta. No aeromodelismo, tabus também atrapalham. Mas tenha o cuidado de não se deixar impressionar só pela aparência do avião.

Assegure-se de que o modelo que você vai escolher é um treinador. Não vá se apaixonar à primeira vista só por causa da beleza do avião! Ele pode ser um feroz modelo de competição que exige muita experiência para ser pilotado.

www.aeromodelli.com.br

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